Gravidez e amamentação durante a pandemia, houve alguma mudança?
Sabemos que a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) trouxe muitas mudanças para a vida de todos, para as gestantes não foi diferente, muitas foram surpreendidas com o sentimento de medo, dúvida e incerteza, mas será que surgiram novas recomendações neste momento tão especial da vida da mulher?¹
O impacto do coronavírus nas gestantes ainda está sendo estudado, mas por conta das alterações no corpo e no sistema imunológico da mulher neste período que as deixam mais suscetíveis a infecções respiratórias, elas são classificadas como grupo de risco.2
Apesar de não ter evidências de transmissão vertical do vírus, ou seja, da mãe para o feto no útero ou durante o parto para o recém nascido, pode haver alterações nas respostas imunológicas e afetar o bem estar de ambos.3 As principais complicações na gravidez associada ao coronavírus envolve a privação de oxigênio da mãe para o feto, esses casos necessitam de uma avaliação médica para saber se há necessidade de adiantar o parto.⁴
Pré natal:
O pré natal é considerado um cuidado essencial, por isso deve ser mantido mesmo durante o período de pandemia, porém, deve-se evitar ao máximo a exposição desnecessária da gestante, realizando somente os exames indispensáveis para o monitoramento do bebê e da saúde da mulher, podendo ter as consultas mais espaçadas do que o habitual, variando de acordo com a necessidade de cada caso.⁴ Quando a gestante apresentar sintomas gripais, as consultas devem ser adiadas em 14 dias, e quando necessária deve ser realizada em local isolado.3
Parto:
Ainda não há recomendações específicas sobre o melhor tipo de parto para a mãe e para o bebê durante a pandemia, até o momento, sugere-se a seguinte recomendação: para mulheres em bom estado geral e sem restrições respiratórias, recomenda-se o parto vaginal, e para mulheres com restrições respiratórias, o mais adequado é o parto cesárea.⁴
Prevenção:
A forma de prevenção é a mesma recomendada para todas as demais pessoas: lavar as mãos constantemente com água e sabão, quando não for possível utilizar álcool gel 70º, evitar aglomerações, tocar os olhos e a boca. Caso precise sair de casa, utilize máscara e leve álcool gel para higienizar as mãos sempre que necessário.3
Amamentação:
Ainda não há evidências que comprovem a transmissão do Coronavírus através do leite materno, sendo assim, até o momento permanece a indicação de aleitamento desde que haja condições satisfatórias de saúde e que a mãe deseje amamentar. Porém, segundo a SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, está contraindicado a doação de leite por mulheres com sintomas gripais, infecção respiratória ou confirmação de COVID-19, bem como entre aquelas que tiveram contato com alguém nessas condições.6
A adequada lavagem das mãos antes e depois da amamentação ou da ordenha do leite materno é imprescindível. Durante a amamentação, todas as mães, infectadas ou não, devem utilizar máscara facial cobrindo completamente o nariz e a boca para proteger o bebê.2 Evite falar ou tossir durante a amamentação (a máscara deve ser trocada em caso de tosse ou espirro ou a cada nova mamada). Lave os seios e troque de roupa antes de amamentar.⁴ E recomenda-se que haja distância de dois metros entre o berço do bebê e o leito da mãe.5
Caso a mãe não se sinta confortável para amamentar o bebê diretamente, ela poderá extrair o seu leite manualmente ou utilizar bombas de extração láctea (limpando e desinfetando frequentemente as superfícies utilizadas) e um cuidador saudável poderá oferecer o leite ao bebê por copinho, xícara ou colher desde que seja orientado sobre a técnica correta.6
Por fim, deve-se ressaltar que todas as gestantes, incluindo aquelas com suspeita ou confirmação de infecção pelo coronavírus, possuem o direito a cuidados antes, durante e após o parto.2
Por: Laiz Michetti – Equipe de Nutrição Hirota Food.
REFERÊNCIAS
¹ UNICEF (org.). Gravidez durante a pandemia da COVID-19. 2020. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/gravidez-durante-pandemia-da-covid-19. Acesso em: 12 jul. 2020.
² UNA-SUS (org.). OMS – perguntas e respostas sobre COVID-19, gravidez, parto e amamentação. 2020. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/oms-perguntas-e-respostas-sobre-covid-19-gravidez-parto-e-amamentacao. Acesso em: 11 jul. 2020.
³ FITZ, Fátima. Assistência fisioterapêutica em obstetrícia em tempos de COVID-19. Ciência em pauta. São Paulo, 2020, v. 1, n. 5, p. 1-3. 1 maio 2020. Disponível em: https://saocamilo-sp.br/assets/uploads/MAIO%202020%20FISIO%203.pdf . Acesso em: 12 jul. 2020.
4 COMITÊ TÉCNICO ASSISTENCIAL PARA ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19. COVID-19 e Gravidez. . Disponível em: https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/COVID-19-E-GRAVIDEZ-SESAP-2020-21_05.pdf. Acesso em: 12 jul. 2020.
5 MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS (org.). Ministério divulga orientações sobre coronavírus a gestantes e lactantes. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/abril/ministerio-divulga-orientacoes-sobre-coronavirus-a-gestantes-e-lactantes. Acesso em: 12 jul. 2020.
6 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (org.). O Aleitamento Materno nos Tempos de COVID-19. 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22393c-Nota_de_Alerta_sobe_Aleitam_Materno_nos_Tempos_COVID-19.pdf. Acesso em: 12 jul. 2020.