Comfort food – Você sabe o que é isso?
O termo Comfort Food surgiu na década de 90 para atribuir à alimentação mais do que apenas sua função de suprir as necessidades nutricionais do nosso corpo, e sim, assumir a sua capacidade de despertar emoções através de aromas, formatos, sabores, cores e texturas¹. Há diversas traduções para o termo inglês comfort food, mas todas seguem a mesma linha de definição, que diz que o consumo de um alimento específico, associado a determinada ocasião, pode proporcionar a sensação de conforto psicológico². A alimentação está diretamente ligada às emoções, pois muitas vezes os sentimentos interferem nas escolhas alimentares, por exemplo: os doces são frequentemente escolhidos como uma forma de recompensa para um dia triste, as sopas e os caldos para dias frios ou de mal-estar e alimentos mais rápidos para consumo como frutas e pães são uma alternativa para os dias mais corridos e cansativos.l¹.
A alimentação pode dizer muito sobre o indivíduo, sobre sua cultura, estilo de vida e preferências, características que começam a ser determinadas a partir dos primeiros anos de vida, onde os hábitos alimentares começam a ser formados. Essas escolhas sofrem influência direta da cultura em que se vive, o que inclui questões religiosas, étnicas e de classe social, além dos hábitos alimentares já enraizados na família³.
O alimento é capaz de confortar a alma, remeter a lembranças, satisfazer vontades, aliviar a tristeza e reproduzir sentimentos. Quem nunca comeu algo e se lembrou de alguém? Ou então preparou uma comida especial para agradar uma pessoa querida? A alimentação está presente na maioria dos momentos de confraternização, unindo a família e os amigos, participando da vida de cada um de forma especial².
Alguns autores separam as comfort food’s em quatro categorias e estabelecem suas principais definições, são elas:
- Comidas nostálgicas: aquelas que remetem a um período, pessoa ou lugar marcante na vida do indivíduo, como a infância ou a comida da avó.
- Comidas de indulgência: aquelas onde o indivíduo prioriza o prazer obtido com o consumo de determinado alimento ao invés dos aspectos nutricionais. O chocolate é considerado um dos alimentos indulgentes mais consumidos e muitas pessoas relatam se sentir reconfortadas ao comê-lo. É comum que estes alimentos sejam utilizados como medida compensatória para restabelecer a sensação de bem-estar em algum momento turbulento de sua vida. Quando consumidos com frequência e em grandes quantidades, podem causar posteriormente sentimento de culpa.
- Comidas de conveniência: são as mais práticas e rápidas de serem consumidas, como os alimentos industrializados, congelados ou aqueles adquiridos através de delivery. Estas proporcionam conforto sem o trabalho do preparo.
- Comidas de conforto físico: são aquelas que possuem uma junção de componentes capazes de proporcionar sensação de prazer. O café é uma bebida que se encaixa neste perfil, pois sua composição provoca calor e ânimo, além de possuir um aroma agradável³.
Desta forma podemos observar que uma alimentação saudável engloba não só o consumo de alimentos adequados nutricionalmente, mas sim, todos os aspectos da alimentação, desde a escolha, a ocasião, a companhia, até consumo final. É preciso sentir-se bem com a comida, sem culpa e com responsabilidade, assim ela lhe proporcionará saúde e bem-estar².
Por: Laiz Michetti – Equipe de Nutrição Hirota Food.
REFERÊNCIAS
¹ SOUSA, Edite; ALBUQUERQUE, Tânia Gonçalves; COSTA, Helena S. Comfort food: o significado social e emocional dos alimentos. 11ª Reunião Anual Portfir, Portugal. Disponível em: http://repositorio.insa.pt/bitstream/10400.18/5725/1/PortFIR2018_Comfort%20Food_PCN.pdf. Acesso em: 26 jul. 2020.
² MAIRESSE, Leticia D’Emile Kalicheski. O conceito comfort food entre dois tipos de estabelecimentos de alimentação na cidade de Porto Alegre. 2015. 15 f. Monografia (Especialização) – Curso de Gastronomia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/5646/Leticia+D%20Emile+Kalicheski+Mairesse_.pdf?sequence=1. Acesso em: 26 jul. 2020.
³ GIMENES-MINASSE, Maria Henriqueta Sperandio Garcia. Comfort food: sobre conceitos e principais características. Revista de Comportamento, Cultura e Sociedade, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 92-102, mar. 2016. Disponível em: https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/43869709/Comfort_Food_Contextos_da_Alimentacao.pdf?1458336217=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DComfort_Food_sobre_conceitos_e_principai.pdf&Expires=1595807521&Signature=d7qYyVH2yiG6Ms8YLVGHp4S8dxvjliK3oV0LgqWdn317xgHJf14imnm8HxzEb3hnMsic302iWvS41GwwCvgnWYO1SuQDwfRIgDiAkrWPNjE7VKkAag~R3fptug1s5wQjbKV8WqSIghyg6mQo8yMZBSL1RDCi30LFkKWxWjJ9WOrA9LNHsHraS44gn5Is2~tcW~kyf-e78Nue95EBrSO6ibzfEBIWHZrL8Ef7Zi4QYkkpLZNSyPFhpP~UtkmkQNa8dhrs5ckewk9SvkLLF7yEYmUJo1rhFQzpo5OAbg65ohUASetcXZ4M3oEJUYXdeAE9jNz6hngs8W3WIbxCYaiLWg__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA. Acesso em: 26 jul. 2020.